"Que a mente seja formada com palavras, com mais prazer do que o corpo é moldado com as mãos"

tempo...


"Amaldiçõem os Deuses o homem que descobriu

Como diferenciar as Horas!

E amaldiçõem tambêm aquele

Que neste lugar instalou um relógio de sol

Para cortar e repartir tão desgraçadamente os meus dias

Em bocadinhos [...] "


Plauto (c. 200 a.C.)
Ó morto...

Em algum lugar está presente Agilulfo Emo Bertrandino dos Guildiverni e dos Altri de Corbentraz e Sura, cavaleiro de Selimpia Citeriore e Fez, paladino de França sob o comando do imperador Carlos Magno e protagonista do romance chamado Cavaleiro Inexistente. Agilulfo presenta uma peculiaridade inusitada: não existe. Dentro de sua armadura imaculadamente alva não há nada, apenas a voz metálica que serve com fé e vontade à causa da cristandade.
Ao longo do livro nos conheceremos outros personagens bastante interessantes como Gurdulu, o fiel escudeiro de Agilulfo que realmente pensa nao existir ou pensa ser todas as coisas do mundo. Por ultimo mas nao menos importante está Rambaldo de Rossiglione, aspirante a cavaleiros que se alistou em busca de vingança de seu pai morto como um herói sob as muralhas de Servilha.
Esses três personagens participam da cena mais incrivel que eu ja li, estao eles enterrando alguns corpos após uma grande batalha, seguindo as ordens do sire Carlos Magno. Cada um está a enterrar um cadaver e seus pensamentos mostram a profundidade de seus pensamentos:

"Agilulfo arrasta um morto e pensa: 'Ó morto, você tem aquilo que jamais tive nem terei: esta carcaça. Ou seja, você não tem: você é esta carcaça, isto é, aquilo que às vezes , nos momentos de melancolia, me surpreendo a invejar nos homens existentes. Grande coisa! Posso bem considerar-me privilegiado, eu que posso passar sem ela e fazer de tudo. Tudo _ se entende _ aquilo que me parece mais importante; e muitas coisas consigo fazer melhor do que aqueles que existem, sem os seus habituais defeitos de grosseria, aproximação, incoerência, fedor. É verdade que quem existe põe sempre alguma coisa de seu no que faz, um sinal particular que não consiguirei jamais imprimir. Mas, se o segredo deles está aqui, neste saco de tripas, muito obrigado, não me faz falta. Este vale de corpos nus que se desagregam não me provoca mais arrepios que o açougue do gênero humano vivo'.
Gurgulu arrasta um morto e pensa:'Você dá certos peidos mais fedidos que os meus, cadáver. Não sei por que todos se compadecem de você. O que lhe falta? Antes, se movia, agora seu movimentos passa para os vermes que você nutre. Fazia crescer unhas e cabelos: agora vai produzir líquidos que farão crescer mais altas sob o sol as ervas dos campos. Vai se tornar capim, depois leite das vacas que comerão capim, sangue de criança que bebeu o leite, e assim por diante. Ó cadáver, você é mais capaz do que eu para viver!?'
Rambaldo arrasta um morto e pensa: ' Ó morto, corro corro para chegar até aqui como você, a me fazer puxar pelos calcanhares. O que é esta fúria que me empurra, esta mania de batalhas e amores, vista do ponto onde observamos seus olhos arregalados, sua cabeça virada que bate nas pedras? Penso, ó morto, você me obriga a pensar; mas o que muda? Nada. Não existem outros dias senão estes nossos dias antes do túmulo, para nós, vivos, e também para vocês, mortos. Que me seja concedido não desperdiçá-los, não perder nada daquilo que sou e daquilo que poderia ser. Praticar ações insignes para o exército franco. Abraçar, abraçado, a orgulhosa Bradamante. Espero que você não tenha gasto seus dias de modo pior, ó morto. De qualquer maneira, pra você os dados já decidiram seus números. Para mim ainda se agitam no copo dos azares.E eu amo, ó morto, minha ansiedade, não sua paz'. "



passagem fantástica do livro O Cavaleiro Inexistente de Italo Calvino


"Aprendamos a sonhar, cavalheiros, e depois encontremos a Verdade"






Esta lapidar recomendação do insigne químico alemão Kekulé, que teve chegou à descoberta da fórmula do benzeno graças a um sonho, (...) convenceu-me de que, na vida, a verdade muitas vezes passa diante dos seres humanos... disfarçada.


J.J. Benítez

As palavras são instrumentos bem especiais, usadas para informação, elas compõem a escrita, a fala, e até os pensamentos, podem mover moinhos, montanhas e até almas entre o céu e o inferno (bíblia). As palavras constroem e destroem deuses e fazem todo o universo funcionar... pensando bem mesmo o nosso planeta já existia antes de criarmos as primeiras palavras e provavelmente continuará a existir elas não forem mais usadas.
Eu sempre tive uma relação diferente com palavras, porque gosto muito de ler, de falar e nunca deixo de escutar uma boa historia, mas não consigo concatenar pensamentos em meus textos infames. Por esse motivo é bastante estranho para mim criar um blog e escrever coisas minhas aqui, fui profundamente influenciado a tentar essa nova experiência.
Ao longo dessa empreitada tentarei exercitar esse meu lado embotado de escritor, transformando em palavras todos esses pensamentos insanos que eu tenho. Meus grandes conflitos com o mundo e minhas paixões guardadas em minhas memórias. Como sou um ser vivo, até segunda ordem, reajo ao caos, me fortalecendo e dando seguimento ao mundo.Sempre pensei em que tipo de contribuição eu destinaria ao mundo, ao longo dos meus poucos anos notei a que a resposta é bem simples, e nós temos a péssima tendência a complicar... ser feliz e prestar atenção nos pequenos detalhes é a chave de tudo, sem demagogia ou filosofia barata.
Vou tentar contar minhas experiências e meus pensamento loucos, isso vai ser divertido.

Ps : texto pouco trabalhado e palavras simples, uma das características da minha parca habilidade de escrita.

Força de espirito


"Fora da noite que me encobre,
Negro como o poço de polo a polo,
Agradeço ao que os deuses possam ser.
Pela minha alma inconquistável.

Nas garras das circunstâncias.
Eu não recuei e nem gritei.
Sob os golpes do acaso.
Minha cabeça está sangrando, mas não abaixada.

Além deste lugar de ira e lágrimas.
Só surge o horror da sombra,
E ainda a ameaça dos anos
Encontra e me encontrará sem medo.

Não importa o quão estreito seja o portão,
quão repleta de castigos seja a sentença,
eu sou o dono do meu destino,
eu sou o capitão da minha alma"


William Ernst Henley (1849-1903)